À semelhança de outras nações vizinhas, a Rússia e a
Ucrânia partilham um legado histórico e cultural que remonta a mais de mil anos,
porém, tais referências não determinam a anulação da vontade de um povo que, face ao que se vai percecionando, parece
ser evidente.
Clarificando a traços largos alguns factos histórico-geográficos, temos como aspeto comum e remontando
ao século IX, Kiev (atual capital ucraniana), centro do primeiro Estado medieval
eslavo, criado pelo povo
autodenominado "rus" (segundo os historiadores, Rus de Kiev) e que deu origem à Ucrânia e
à Rússia.
O reino Rus (tribos eslavas), no território atual da Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, estendia-se do mar Negro até ao Báltico e Branco (braço do mar de Barents) e declinou no final do séc. XI, tendo desintegrado em diversas potências regionais rivais, durante o séc. XII.
Rússia de Kiev, 1054
O Czarado
da Rússia, criado em 1547, na sua expansão adquiriu a parte oriental da
Ucrânia, algo que perdurou até à fundação do Império Russo (1721 – 1918).
Império Russo ou
territórios que estavam sob sua esfera de influência.
Tal império desmantelou-se em 1917 com a
Revolução Russa (pós I Guerra Mundial) e a Ucrânia, com a Guerra da Independência proclama a sua autonomia a 25 de janeiro
de 1918,enquanto república.
A vitória bolchevique, forma a URSS (União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas), em 1922, unificando as repúblicas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia
e Transcaucásia.
Em dezembro de 1991, a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia assinaram um acordo que selava efetivamente o fim da URSS.
Tudo parecia seguir um traçado lógico, normal e de salutar, como confirma em 1997, a assinatura do "Grande Tratado" (Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria), através do qual Moscovo reconhecia as fronteiras oficiais da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, região que abriga uma maioria étnica russa.
Porém, a Ucrânia, com algumas atribulações internas, passa a seguir um caminho em direção aos ideais ocidentais, enquanto as outras duas partes formam uma aliança forte.
Os diversos episódios geradores de crises diplomáticas entre a Rússia e a Ucrânia, bem como:
- o facto da Revolução Laranja em 2004 (na qual milhares de ucranianos marcharam para apoiar uma maior integração na Europa) ter impedido que o candidato pró-Rússia, com vitória declarada fraudulenta, assumisse o poder, entregando-o ao candidato pró-Ocidente Viktor Yushchenko;
- a ocupação/anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014;
- a revolta separatista na região de Donbas, no leste da Ucrânia, que resultou na declaração das Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, apoiadas pela Rússia, ditaram o cenário lamentável que temos na atualidade, mais uma vez, Guerra na Europa da qual não se vislumbra saída e que seguramente gera imensa insegurança europeia.
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